Hoje fui acusado de absentismo
perante este blog. Peço perdão por isso! Em minha defesa saliento que muitas
vezes é-me difícil conseguir a dedicação necessária para escrever uma reflexão.
A mesma pessoa argumentou que nós (conspiradores desta causa) tínhamos dado um
tom demasiado intelectual a este local. Senti nessa afirmação um leve tom de
censura, não pela escolha em si, mas pelo facto de esta implicar uma imagem de
nós próprios que pode não ser a mais verdadeira.
Isto levou a que o meu pensamento
caísse numa questão que lhe tem sido recorrente: Parecer Ser. Quando escrevo
algo neste sitio tenho o cuidado de apresentar os textos em Português correcto
(de preferência sem acordo) e de criar frases que reflictam bem os meus
pensamentos. No entanto todo o conteúdo do que escrevo é sempre uma reflexão
verdadeira sem pretensões de ostentar qualquer tipo de sobranceria intelectual.
Quando se afirma que estas reflexões não parecem ser genuínas fica implícito que
a pessoa que dou a conhecer não teria verdadeiramente estas reflexões no seu
quotidiano. Logo a pessoa que sou não é a que mostro aqui.
Mas, e aqui é que me parece estar
a parte interessante, se for o contrário? Porque não posso Parecer Ser um
estereótipo de pessoa e representar esse papel em sociedade e Ser uma pessoa
que não se identifica totalmente com esse estereótipo? Esta questão leva-me a
outra mais premente: eu sou o que sou, eu pareço o que sou ou eu sou o que
pareço? Em qual destes meandros das barreiras individuais reside a verdadeira
identidade? Começo a não saber. Acreditava que se pode parecer algo que não se
é sem dificuldade, no entanto noto que com o tempo esse limite esbate-se e a
personagem que Parece torna-se dominante no dia-a-dia, relegando a que É para
um plano tão secundário que se torna quase irrelevante.
Hoje acredito que é essencial nunca
relegar o Ser para um plano obscuro da existência. Devemos alimentar o Ser e
dar-lhe formas de se manifestar. O truque, parece-me, está em disfarça-lo no
Parecer, como forma de auto-protecção (para não dizer civilidade). Assim decidi
escrever esta pequena intervenção, como forma de expressar o meu Ser sem prejuízo
do Parecer que me é tão querido.