Ontem acabei de ler o livro mais
recente das Crónicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, editado em Portugal
com o título: Os Reinos do Caos. Confesso-me um grande admirador tanto desta
saga de fantasia como do género em geral, embora deva dizer que fui incapaz de
ler o Brisingr e a Herança por estarem demasiado mal escritos. Tenho um prazer
especial em imaginar cenários diferentes daqueles do meu quotidiano e sempre
gostei de me imaginar a viver numa época passada num mundo por descobrir. Do
mesmo modo gosto bastante de ler ficção científica. Fascinam-me as minuciosas
descrições de Júlio Verne e as suas histórias que parecem simultaneamente tão
antiquadas e tão inovadoras.
Ora, um destes dias estava eu
numa livraria num Centro Comercial, é uma vergonha bem sei mas juro que não é
um habito, e olhava para os escaparates. Reparei, como sempre, que os estilos
de literatura estão separados por escaparates, mas o que me chamou a atenção
foi a exagerada semelhança do género da
fantasia. Parece-me pobre que um género que é notoriamente fantasioso tenha as
suas regras tão definidas que todas as suas obras se assemelham atrozmente.
Lembrei-me que o pai deste género foi Tolkien, com a sua ambição de recriar as
lendas celtas existentes na Grã-Bretanha antes da invasão Normanda. Mas depois
do seu sucesso não vejo razão para que os autores do estilo não tenham variado
mais os ambientes e não vejo razão para não o fazerem no futuro.
E foi
isto que me deu uma ideia. Porque não uma saga fantástica passada num ambiente
futurista? Brinquemos com um exercício de estilo. O leitor pode pegar na
história d’O Senhor dos Anéis, em que Frodo atravessa a Terra Média para salvar
os seus habitantes da sombra, e A Máquina do Tempo, de H. G. Wells, em que um
cientista da Belle-Epóque viaja para o futuro e o encontra habitado dois duas
espécies de hominídeos: aqueles que descendem a boa sociedade e que são belos
mas pouco inteligentes, e aqueles que descendem do proletariado que são mais
inteligentes e hábeis mas que temem a luz. Agora, por mero capricho, imagine-se
uma fusão destas duas histórias mas em que o tempo e locais de acção são a actualidade.
Certamente
seria curioso mostrar o nosso mundo como um sítio dominado por estranhas
criaturas (porque não inspiradas nas actuais tribos urbanas?) em que Enormes
Centros Comerciais seriam como os Palácios escavados de Mória e em que os maus
eram controlados por velhos humanos cujos poderes seriam a sabedoria e a
mortalidade e cujos bons eram os descendentes ciber-biónicos dos nossos
brinquedos humanóides. As torres Petrona podiam perfeitamente ser antros de
onde dragões sem alma coleccionavam riquezas e os nossos Museus arsenais de
artefactos mágicos (mesmo ao estilo Elder Scrolls). E, já agora, o céu seria
amarelo mostarda, da poluição, e a causa da desavinda poderia ser o bem mais
precioso, a água, mas com um nome qualquer mais sofisticado como: Augá.
Deixo
aqui a sugestão, qualquer escritor inspirado por esta divagação deve sentir-se
livre para utilizar esta base. Em retorno só peço que eu possa ler!