Hoje, quando chegava a casa do
meu primeiro dia de férias, contava em sentar-me e publicar aqui uma carta que
guardo há muito. No entanto os meus planos foram furados pelo próprio acaso,
que tantas vezes nos favorece com surpresas inesperadas.
A televisão estava ligada e por
ela passou uma imagem de me captou a atenção. Tratava-se de uma sala decorada
ao bom estilo ecléctico do século XIX embora num estado bastante decadente. Não
podia ser melhor, sentei-me a ver um filme cujo conteúdo e nome desconhecia por
completo. Embora não saiba ao certo porquê revelou-se uma excelente surpresa.
Não sei se pelo aspecto decadentista da mansão onde se passa alguma da acção se
o facto de algum modo de identificar com os personagens. De forma muito simples
a história trata da vida de um rapaz que desenhava particularmente bem e a sua
relação com uma bela e fria menina. Essa paixão fora plantada pela tia excêntrica
da menina que a preparava para ser uma femme fatale e usou o rapaz para esse
fim. A consequência disto foi que ambos desenvolveram um estranho amor do qual
ela se evadia mas que ele exprimia em toda a sua arte. Embora não haja enredo
por aí além, tem um final feliz, é de salientar alguma cenas de beleza inexprimível,
como aquela em que o artista atinge o auge de todos os sonhos e se apercebe que
nem assim conseguiu impedir o casamento da sua amada. Esta cena resulta num
dialogo com a tia excêntrica onde esta se mostra arruinada pelo seu próprio maquiavelismo.
Talvez o facto de Gwyneth Paltrow, uma actriz
que admiro imenso pela elegância desmesurada, ser a actriz no papel de mulher
fatal e de aparecer a posar para um retrato nua contribua também para ter
gostado tanto deste filme. Que mais não é do que uma revisitação do clássico
com o mesmo nome de Charles Dickens, pelo realizador Alfonso Cuarón . em todo o
caso penso que todos nós devemos lembrar-nos das nossas Grandes Esperanças
(Great Expectations) uma vez por outra.