23.7.12

duma Proposta de Futuro

Ontem estava com o propósito fito de publicar aqui um mail que recebi há alguns anos. Embora fosse uma corrente o conteúdo deste e-mail pareceu-me importante demais para o deixar passar, por isso imprimi-o e tenho-o guardado como se duma carta se tratasse. Agora reproduzo-o na integra, apenas com algumas correcções:

«Carta escrita em 2070:
    «Estamos no ano 2070, acabo de completar os 50, mas a minha aparência é de alguém com 85. Tenho sérios problemas renais porque bebo muito pouca água. Creio que me resta pouco tempo.
    «Hoje sou uma das pessoas mais idosas desta sociedade. Recordo quando tinha 5 anos. tudo era muito diferente. Havia muitas árvores nos parques, as asas tinham bonitos jardins e eu podia desfrutarr de um banho de chuveiro de quase uma hora! Agora usamos toalhas embebidas em azeite mineral para limpar a pele. Lembro-me de como as mulheres mostravam a sua formosa cabeleira. Agora temos que rapar a cabeça para a manter limpa. Tantas vezes o meu pai lavava o carro com a mangueira, hoje os meus netos não acreditam que a água era usada dessa forma.
    «Recordo que haia muitos anuncias que diziam CUIDE DA ÁGUA!, só que ninguém lhe ligava, pensávamos que a água jamais se acabaria! Mal sabiamos nós que em alguns anos todos os rios, barragens, lagos e até os mantos aquíferos estão irreversivelmente contaminados ou secos. Imensos desertos constituem a paisagem que nos rodeia por todos os lados.
    «Quantas vezes a minha mãe me mandava beber água, era recomendado que uma dulto bebesse oito copos por dia, devia tê-los bebido, pois agora só posso beber meio...
    «A roupa é descartável, o que aumenta grandemente a quantidade de lixo. Tivemos que tornar a usar fossas como no século passado porque as redes de esgotos não funcionam sem água.
    «A aparência da população é horrorosa: corpos desfalecidos, enrugados pela desidratação, cheios de chagas na pela feitas pelos raios ultravioletas que já não são filtrados pela camada de ozono. As infecções gastrointestinais, enfermidades da pele e das vias urinárias são as principais causas de morte entre nós.
    «A industria está paralisada e o desemprego é dramático. As fábricas dessalinizadoras são a principal fonte de emprego e pagam com água potável em vez do antigo salário. A água é tão valorizada que os assaltos por um bidão dela são comuns nas ruas desertas. A comida é 80% sintética, sem água ou vitaminas. Pela pela ressequida um jovem com vinte anos parece ter quarente!
    «Os cientistas investigam, mas não há solução possivel! Não se pode fabricar água, o oxigénio também está degradado pela falta de árvores, o que diminuiu o coeficiente intelectual das novas gerações. Alterou-se a morfologia dos espermatozóides de muitos individuos, como consequencias há muitas crianças com insuficiencias, mutações e deformações.
    «O próprio ar é tão raro que o governo nos cobra pelo que respiramos, cerca de 137m^3 por dia por habitante adulto. Aqueles que não podem pagar pelo ar são retirados das "zonas ventiladas", que estão dotadas de gigantescos pulmões mecânicos que funcionam a energia solar. O ar não é de boa mas pode-se respirar.
    «Nalguns países retsam algumas manchas de vegetação com o seu respectivo rio. são fortemente guardadas pelo exército. A água tornou-se num verdadeiro tesouro, mais cobiçado que o ouro ou os diamantes. Infelizmente, onde vivo, não há árvores porque quase nunca chove, e quando chega a registar-se precipitação é de chuva ácida. As estações do ano têm sido severamente transformadas pelas experiências atómicas e pela industria contaminante do século XX,
    «Quando os meus netos me pedem que lhes fale de quando era jovem descrevo o bonito que eram os bosques, falo-lhe da chuva na nossa cara, das árvores, dos nossos banhos agradaveis e de poder pescar nos rios e barragens, bedendo toda a água que quisesse. Como eramos todos saudaveis!
    «Eles pergundam-me: Avõ! Porque é que se acabou a água?
    «Então, sinto um nó na gargante. Não posso deixar de me sentir culpado. Pertenço à geração que destruiu o meio-ambiente simplesmente porque não demos atenção a tantos avisos! Agora os nossos filhos pagam um preço demasiado alto pela nossa leviandade. Sinceramente, creio que a vida na Terra já não será possivel dentro de muito pouco tempo, porque a nossa destruição do ambiente chegou a um ponto irreversivel.
   
    «Como gostaria de voltar atrás e fazer com que toda a Humanidade compreendesse isto, quando ainda podíamos fazer algo para salvar o nosso planeta Terra!»


extraído da revista biográfica "Crónicas de los Tiempos" de Abril de 2002