8.2.12

da Fantasia Científica


Ontem acabei de ler o livro mais recente das Crónicas de Gelo e Fogo, de George R. R. Martin, editado em Portugal com o título: Os Reinos do Caos. Confesso-me um grande admirador tanto desta saga de fantasia como do género em geral, embora deva dizer que fui incapaz de ler o Brisingr e a Herança por estarem demasiado mal escritos. Tenho um prazer especial em imaginar cenários diferentes daqueles do meu quotidiano e sempre gostei de me imaginar a viver numa época passada num mundo por descobrir. Do mesmo modo gosto bastante de ler ficção científica. Fascinam-me as minuciosas descrições de Júlio Verne e as suas histórias que parecem simultaneamente tão antiquadas e tão inovadoras.
Ora, um destes dias estava eu numa livraria num Centro Comercial, é uma vergonha bem sei mas juro que não é um habito, e olhava para os escaparates. Reparei, como sempre, que os estilos de literatura estão separados por escaparates, mas o que me chamou a atenção foi a exagerada semelhança  do género da fantasia. Parece-me pobre que um género que é notoriamente fantasioso tenha as suas regras tão definidas que todas as suas obras se assemelham atrozmente. Lembrei-me que o pai deste género foi Tolkien, com a sua ambição de recriar as lendas celtas existentes na Grã-Bretanha antes da invasão Normanda. Mas depois do seu sucesso não vejo razão para que os autores do estilo não tenham variado mais os ambientes e não vejo razão para não o fazerem no futuro.
                E foi isto que me deu uma ideia. Porque não uma saga fantástica passada num ambiente futurista? Brinquemos com um exercício de estilo. O leitor pode pegar na história d’O Senhor dos Anéis, em que Frodo atravessa a Terra Média para salvar os seus habitantes da sombra, e A Máquina do Tempo, de H. G. Wells, em que um cientista da Belle-Epóque viaja para o futuro e o encontra habitado dois duas espécies de hominídeos: aqueles que descendem a boa sociedade e que são belos mas pouco inteligentes, e aqueles que descendem do proletariado que são mais inteligentes e hábeis mas que temem a luz. Agora, por mero capricho, imagine-se uma fusão destas duas histórias mas em que o tempo e locais de acção são a actualidade.
                Certamente seria curioso mostrar o nosso mundo como um sítio dominado por estranhas criaturas (porque não inspiradas nas actuais tribos urbanas?) em que Enormes Centros Comerciais seriam como os Palácios escavados de Mória e em que os maus eram controlados por velhos humanos cujos poderes seriam a sabedoria e a mortalidade e cujos bons eram os descendentes ciber-biónicos dos nossos brinquedos humanóides. As torres Petrona podiam perfeitamente ser antros de onde dragões sem alma coleccionavam riquezas e os nossos Museus arsenais de artefactos mágicos (mesmo ao estilo Elder Scrolls). E, já agora, o céu seria amarelo mostarda, da poluição, e a causa da desavinda poderia ser o bem mais precioso, a água, mas com um nome qualquer mais sofisticado como: Augá.
                Deixo aqui a sugestão, qualquer escritor inspirado por esta divagação deve sentir-se livre para utilizar esta base. Em retorno só peço que eu possa ler!